segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

SAÚDE NA INTERNET

Existem aqueles pacientes que não conseguem esperar a consulta e correm logo para a internet atrás de uma resposta. Isso mudou a rotina dos pacientes e dos médicos também. A internet mudou áreas que nem imaginávamos. Graças a ela, as informações sobre saúde estão mais acessíveis, os pacientes mais informados, o que exige que os médicos se aperfeiçoem. Mas, como também há muito lixo na internet, como muitas vezes os pacientes não sabem interpretar as informações, acabam se desesperando. Uma pesquisa mostra que os internautas brasileiros estão entre os que mais consultam a internet em busca de informações de medicina.

A jornalista Maria Luiza Nogueira sofre de endometriose, uma doença ligada ao útero, que pode causar cólicas fortes e, em casos mais graves, até dificultar uma gravidez. Ela descobriu o diagnóstico ao abrir o exame em casa. Entrou em desespero e correu para tirar dúvidas com o grande oráculo moderno.

“Entrei na internet, fui a um site de buscas e achei milhões de coisas. Não tinha conhecimento nenhum, não tinha conversado com o meu médico ainda e quis sair da internet para cortar os meus pulsos, desesperada, achando que eu ia morrer, que não tinha mais jeito”, lembra Maria.

Uma pesquisa mostra que mais de 80% dos internautas no Brasil fazem pesquisas de saúde na web. O levantamento foi feito em 12 países. O Brasil aparece em quinto na lista de lugares onde se buscam mais informações médicas na rede.

A internet é praticamente uma tentação para quem precisa tirar uma dúvida. O problema é que nem tudo o que está lá é sério ou de confiança. Para buscar uma informação, o internauta precisa saber separar o joio do trigo.

Os médicos dizem que perdem muito tempo tirando dúvidas de pacientes que chegam ao consultório com informações equivocadas. Para se ter uma ideia, em uma busca rápida sobre as causas de uma simples dor de cabeça, a internet encontra 340 mil páginas.

“Dor de cabeça pode ser desde tensão, passando por enxaqueca, sinusite, dor de dente, tumor cerebral, aneurisma, um derrame. Você imagina como a pessoa vai ficar desorientada. Se ela seguir um único site, ou ela vai se medicar ou ela vai ficar apavorada, porque pode ser uma doença muito grave. Então isso absolutamente não é recomendável”, alerta Arnaldo Lichtenstein, clínico geral do Hospital das Clínicas.

Cabe ao médico, por meio de exames, fazer o diagnóstico. Mas a internet pode ajudar o paciente a entender melhor a doença.

“Procurar na internet, saber o que tem, em uma fonte boa de evidências serve até para melhorar o diálogo com o médico, fazer perguntas mais específicas ou mais contundentes. Isso até provoca no médico, às vezes, a necessidade de estudar. E ele acaba melhorando o desempenho dessa relação médico-paciente. O que se quer é preservar a saúde das pessoas”, reforça Álvaro Nagib Atallah, médico e professor da Unifesp.

Mais tranquila depois de consultar o médico, Maria Luiza voltou à internet e descobriu histórias parecidas com a dela.

“Cada uma compartilha a sua história e é um pouco menos sensacionalista, e aí você acaba criando um vínculo até de amizade com as pessoas. Na internet eu encontrei uma paciente que se adaptou super bem a um tratamento que eu sugeri para o meu médico e que acabou sendo a solução para mim em agosto do ano passado”, conclui a jornalista.

Os médicos alertam: cuidado principalmente com sites que oferecem remédios “milagrosos” para curar algumas doenças. Desses é preciso fugir correndo.

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